segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Medo


Mais um dia, menos um dia. Emma não estava certa quanto a isso. Ela sabia o que queria, mas isso não importava, afinal, somente ela sabia.

Emma não queria nada além do que todos querem. Ela queria ser feliz, queria alguém ao seu lado, mas ela não era “amável”, pois ninguém a amava. Por mais que ela se esforçasse e tentasse agradar quem estava com ela, nada dava certo.

As palavras “eu te amo”, nunca foram ditas a ela, ou se foram, foram somente palavras soltas ao vento. Ela nunca pode dizer que estava de fato feliz com relação a sua vida amorosa, pois sua felicidade nunca durou mais de dois ou três dias, uma semana as vezes.

Ela estava cansada disso, cansada da insegurança, cansada de falsas promessas, enfim, ela se cansara de ter sentimentos. Então, Emma decidiu que bloquearia qualquer sentimento que pudesse surgir em sua vida, fosse amor, pena, compaixão, ódio.

Não foi fácil, mas ao criar essa barreira ao seu redor, Emma conseguiu viver. Ela não era feliz, mas pelo menos sobrevivia. Até que um dia, ela se viu em frente a uma situação que talvez fosse boa, talvez fosse diferente, e involuntariamente alguns sentimentos ultrapassaram a barreira.

Tudo aconteceu novamente e com isso todas as lembranças voltaram, todos os fantasmas de seu passado vieram assombrá-la novamente. O medo estava nela, o medo que ela tanto lutou para nunca mais sentir. E quando esse, que para ela era o pior sentimento, atravessou sua barreira e retornou, ela ficou perdida.

Emma não sabia mais o que fazer, então surgiu uma questão que ela não conseguia responder: Continuar e viver com esse medo e talvez superá-lo ou simplesmente erguer novamente uma barreira, muito mais alta e forte do que a anterior?

Após pensar por um tempo e viver a situação, Emma decidiu. A barreira foi erguida e essa, com certeza, ninguém jamais iria derrubar novamente. Dessa forma, ela pôde ter uma vida tranquila. Trabalhou, se aposentou, comprou uma casinha na praia, tudo como ela sempre quis. Sem preocupações com outras pessoas, sem pensamentos ruins, sem grilos, minhocas e outros bichos em sua cabeça, ela simplesmente viveu e viveu muito bem.

Patricia Strogenski


terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Ponto final


Hoje acabou. Foi o último abraço. Possivelmente a última vez que aqueles olhos verdes pousaram sobre mim.

A palavra "parabéns", provavelmente sem nenhum significado para ele, para mim foi como um adeus.

E o meu simples "obrigada", na verdade, queria dizer "eu te amo". Palavras nunca ditas, que talvez devessem ter sido. 

O ponto final foi colocado, enfim...

- Adeus meu amor, espero um dia... não te esquecer, pois essa palavra é muito forte e sei que o tempo não apaga memórias, mas espero que amenize a lembrança e o sofrimento que vem com ela. Mesmo sabendo que não há vida após você, sei que há uma sobrevida e tentarei sobreviver. 

Patricia Strogenski

quinta-feira, 21 de junho de 2012

Não comeu e Julieta


Era uma vez uma princesa chamada Julieta. Certo dia ela foi convidada a passar um tempo em um reino vizinho, foi quando tudo começou.

Ela era diferente das outras princesas, não passava horas em frente ao espelho e não se importava com o quanto custavam seus vestidos. Tinha dois amigos que estavam sempre com ela, a princesa do reino onde ela estava e o sobrinho do rei.

Em uma bela noite de sábado, estava tendo uma festa em um dos salões do castelo, então Julieta e seus amigos decidiram dar uma passada para ver como estava.

Como era esperado, a festa não estava muito animada, os músicos reais não eram dos melhores e a princesa ficou lá conversando com seus amigos próximo a entrada do salão.

Quando de repente ela o viu entrando, um homem que chamou a sua atenção de imediato. Quando ele passou não teve como disfarçar e ela ficou olhando para ele. Ao perceber, ele também começou a olhar para ela e começaram a conversar.

Após um tempo de conversa, ele perguntou quem ela era e onde morava. Inocentemente, ela respondeu que era uma princesa e estava morando naquele castelo no momento. Foi então que um buraco se abriu e engoliu todo o seu mundo.

Ele olhou nos olhos dela e disse que eles não poderiam ficar juntos, pois ele trabalhava para o rei e que seria antiético eles manterem um relacionamento. Ela tentou explicar que só ficaria ali mais algum tempo e depois voltaria para seu reino, então não teria problema eles se encontrassem outras vezes.

Mas ele manteve sua postura e continuou dizendo que não. Ela ficou muito triste e percebeu que jamais deveria ter contado que estava morando ali, afinal era só uma estadia passageira.

Porém, quando ela perguntou se poderia esperar por ele, pois passados aqueles meses eles já não estariam mais sob o teto do mesmo rei. Ele respondeu:

- Essas coisas não se podem premeditar, simplesmente acontecem.

Então ela disse:

- Mas você não está deixando que aconteçam.

Houve um momento de silêncio e ele foi embora sem dizer mais nada.

Depois disso ela o viu várias vezes no castelo, mas desde então não se encontraram mais.

O que resta a ela é esperar que o tempo dela naquele lugar passe e ele não a tenha esquecido. Esperar que, quando ela voltar para o seu reino, as pedras que estão em seus destinos sejam chutadas para fora da estrada e eles possam se encontrar novamente. Pois desde aquela noite ela não conseguiu mais tirá-lo da cabeça.

Mas... 

No dia de ir embora, Julieta procurou por seu amado para que eles pudessem conversar sobre a situação. Foi quando ele disse que estava saindo com uma cortesã do reino.

A princípio Julieta ficou chateada com a situação, mas ao analisar melhor o caso, ela só tinha a agradecer à moça. Afinal, um homem que era tão chato que só havia tido um único relacionamento em toda sua vida e por mais que negue, ainda pensa na ex, mora com a mãe e não possui sequer uma carruagem, pode até ter o que oferecer a uma cortesã, mas não a uma princesa.

Com essas conclusões, Julieta voltou para seu reino, o que será de seu futuro nem ela sabe ainda, mas com certeza será melhor do que levar uma vida patética ao lado de um empregado do rei.

Título sugerido por Regiane Silva
Patricia Strogenski